Merkel "preocupada" com propostas de 'eurobonds'
"Quando penso na cimeira, o que me preocupa é que haverá todo o género de ideias sobre as maneiras de partilhar os riscos da dívida e não haverá ideias suficientes sobre como controlar" as finanças dos países em dificuldades na zona euro, disse Merkel, num discurso em Berlim.
"Terá de haver um equilíbrio entre as garantias e os controlos", acrescentou a chanceler, num discurso que tinha como tema original o desenvolvimento sustentável.
Diversos países, incluindo França, defendem a mutualização da dívida entre os 17 estados-membros da zona euro como uma possível solução para a crise da dívida soberana que o bloco da moeda única enfrenta há mais de dois anos.
A Alemanha, no entanto, está totalmente contra esta proposta, enquanto resposta de curto prazo à crise. As 'eurobonds', para Berlim, só poderão entrar em vigor depois de anos de reforço da integração europeia.
As obrigações pan-europeias de dívida pública não só são contra a Constituição alemã como são "economicamente erradas e contraproducentes", considerou Angela Merkel, no discurso.
Na cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE), que decorre na quinta e na sexta-feira, a chanceler deverá enfrentar a pressão de diversos líderes da zona euro para abrandar a oposição às 'eurobonds'.
Berlim avisou também hoje que não espera da cimeira decisões relativas à Grécia, até porque falta ainda conhecer os resultados da mais recente avaliação ao país feito pela da 'troika' da UE, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional (FMI).
"A 'troika' tem de ver em que situação está o plano de ajustamento da Grécia e dar a conhecer as conclusões ao Eurogrupo e ao FMI. Depois, falaremos como o programa deve prosseguir", sublinhou Steffen Seibert, porta-voz do Governo alemão, numa conferência de imprensa de rotina.
"Penso que todos os nossos parceiros europeus vão respeitar este procedimento. Por isso, não esperem conclusões sobre a Grécia no conselho europeu", acrescentou.
A missão da 'troika', que representa os credores internacionais, deverá fazer uma avaliação da situação grega, após Atenas ter pedido a renegociação do plano de austeridade assinado em fevereiro passado.
O novo Governo, uma coligação liderada por Antonis Samaras, vencedor das eleições de 17 de junho, tem como objetivo principal rever o plano de austeridade, que permitiu à Grécia receber um segundo resgate, de 130 mil milhões de euros.